Poiso a mão vagarosa no capô dos carros como se afagasse a crina dum cavalo.
Vêm mortos de sede.
Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa.
Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco.

Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?

sexta-feira, janeiro 28, 2005

2003

Da simplicidade nasce aquilo
Que luz e que reluz,
O que fazemos com traços
Pequenos deixados ao
Acaso desde criança.
Liberdade

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Saudade?

Ao ouvir Sétima Legião ponho-me a pensar em tempos que já lá vão, a Saudade...dizem eles, é de facto saudade o que ás vezes sinto ou falta daquele conforto familiar que nos fazia aproximar mais da pureza e da inocência de um poeta?
Alberto Caeiro fala do não pensar e é mesmo isso! Não era preciso pensar havia sempre alguém que fazia esse trabalho, ou os pais, ou os avós, ou até mesmo os tios.
Estes últimos eram jovens na altura, viviam uma juventude mais inocente, as relações eram mais próximas, ninguém falava através de máquinas ou aparelhos...
Não é a visão de que o passado era bem melhor, ou a célebre frase "Antigamente era tudo melhor!...Agora?..." Mas sim, a lembrança de um tempo de pureza e inocência, aquele tempo confortável de criança e de adolescente que gostamos tanto de lembrar...
A saudade...Sentimento terrível e tão português...

sábado, janeiro 22, 2005

sexta-feira, janeiro 21, 2005

A eles...


É bom saber que eles existem! E poder agradecer isso é quase uma dádiva...Amigos...aqueles que nos trazem sorrisos e nos fazem acreditar que um dia a brisa vai trazer ventos melhores... Posted by Hello

Amigos

"Promete que seremos sempre amigos. Quantas vezes corremos até lá ao fundo? Ainda sinto as ervas sobre os pés. As pedras pequenas entre as ervas. Quantas vezes parámos a olhar para os vales e para as montanhas? Depois de partires, esperei por ti junto ás árvores onde te vi pela primeira vez. Este ano nasceram flores novas. A brisa que traz as nuvens, ainda não trouxe nenhuma com as tuas mãos.
Promete que, quando precisar de coragem, vais estar ao meu lado."
José Luís Peixoto

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Sobre o lado esquerdo

De vez em quando a insónia vibra com a nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas uma: partem-se ou não se partem as cordas tensas da sua harpa insuportável. No segundo caso, o homem que não dorme pensa: «o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração».
C.O.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Poema

Aço na forja dos dicionáriosas palavras são feitas de aspereza: o primeiro vestígio da beleza é a cólera dos versos necessários.
Mãe Pobre

Carlos de Oliveira

É um dos grandes poetas deste século, combinando a preocupação de intervenção social (neo-realismo) com a reflexão sobre a escrita no próprio processo da sua produção, o que cnfere à sua obra grande densidade e agudeza nos efeitos diversificados da sua leitura (Mãe Pobre, 1945, Entre Duas Memórias, 1971).
O mesmo se pode dizer em relação aos seus romances, nos quais se detecta uma evolução da problemática neo-realista mais pura (Casa na Duna, 1943) até à sua elaboração através da sobriedade do sentimento e do protesto (Uma Abelha na Chuva, 1953), culminando na complexidade de Finisterra (1978), composto a partir de mecanismos de repetição ficcional e de decalque temático e descritivo, que emerge na fronteira da oscilação da modernidade na nossa história literária