Poiso a mão vagarosa no capô dos carros como se afagasse a crina dum cavalo.
Vêm mortos de sede.
Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa.
Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco.

Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Vamos ler?

Quando damos conta de que tempo é curto e a vida corre, começamos a querer fazer tudo de um trago. Pioramos mais esse tempo que resta e fazemo-lo mais curto.
Saborear a vida é uma missão dura nos tempos que correm...
E cada palavra deve ser bem dita, lida, retida e admirada por nós...

Fóssil
" A Pedra
abriu
no flanco sombrio
o túmulo
e o céu
duma estrela do mar
para poder sonhar
a espuma
o vento
e me lembrar agora
que na pedra mais breve
do poema
a estrela
serei eu."

Carlos de Oliveira