Livre de estranhezas e assumindo a vida de frente
sou eu agora que comando o barco,
navego por estes mares que só eu conheço
e descubro que doi navegar sozinho.
A estranheza do horizonte tem os seus mistérios
e um bom navegador sabe para onde o vento sopra.
Tento estar atento a tudo, não deixo nada ao acaso.
Se cá ficar serei apenas um número...
Levo comigo meses inteiros de saudade
e a pressa de chegar é muita,
mas não posso voltar de mãos vazias
e a fome aperta a cada dia.
Se ao menos uma gota de esperança
viesse parar à rede, muito tinha para contar.
O livre destino é agora o meu vento,
em que direcção vai ele soprar?
Nestas linhas breves está a minha vida
e o meu regresso vai estar no meu olhar
quando puder cruzar o teu,
aí no cais, depois de atracar.
Seguiremos juntos longos meses
e aquilo que fizer hoje,
será o sustento desse tempo.
Que o meu regresso venha depressa...
31 de Janeiro de 20005
Poiso a mão vagarosa no capô dos carros como se afagasse a crina dum cavalo.
Vêm mortos de sede.
Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa.
Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco.
Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?
Vêm mortos de sede.
Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa.
Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco.
Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?
sábado, novembro 05, 2005
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