Poiso a mão vagarosa no capô dos carros como se afagasse a crina dum cavalo.
Vêm mortos de sede.
Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa.
Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco.

Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?

sexta-feira, junho 16, 2006

Ao Sr. DAVID

Em leves traços escreveste,
numa harmonia interrupta
palavras de pele e alma,
infitos e belos corpos que descreveste...

cheios de sentidos esses versos
e uma vida cheia de palavras.
nem na despedida te esqueceste
de como deve ser bela a nossa passagem.

Vi hoje o documentário dos 10 anos de ausênsia, e sem te conhecer como é possível sentir dor? Mas é...pelo simples facto que conseguiste deixar o que havia de mais belo, a tua escrita...

à tua alegria de Viver, à Poesia, ao Romance e ao Amor Feliz...

" Conjugamos em coro
o verbo amanhecer

com sílabas que roubo
ao que a noite nos dê"

David Mourão- Ferreira, in O Corpo Iluminado