Poiso a mão vagarosa no capô dos carros como se afagasse a crina dum cavalo.
Vêm mortos de sede.
Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa.
Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco.

Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?

terça-feira, julho 04, 2006

Janelas para o mundo

A descoberta da vida pela observação e pela indignação, a descoberta pelo prazer e pelo horror, a descoberta pelo ser e não querer ser
A descoberta incessante de todos os dias, a vida toda para descobrir…
Sem perder nem encontrar, a descoberta aberta para o mundo como uma janela.
Empilhamos a vida dia a dia, sem querer deixamos sempre as janelas fechadas, o ar não passa e o que se acumula sustenta-se sozinho, imóvel e sem sentido, se não as abrirmos morremos por debaixo do entulho.